12 de janeiro de 2012

Conheça melhor o MF Alberto Mascarenhas



Caros leitores,

Confirmando o convite do post de ontem, tenho a honra de publicar a primeira matéria enviada por um dos leitores do blog. Tive a felicidade de receber um excelente texto, escrito pelo meu persistente professor, MF Luiz Loureiro, sobre o nosso candidato à presidência da FEXERJ, MF Alberto Mascarenhas. Agradeço por demais a contribuição e convido, novamente, cada um de vocês, a contribuir com seu conhecimento e experiências.

Antecipei para hoje e pretendo publicar a próxima matéria no dia 20/1/2012, conforme planejado.

Abraços,
André Kemper

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Sobre ALBERTO P. MASCARENHAS
Por MF Luiz Loureiro

Conheço Alberto Pinheiro Mascarenhas há quase quarenta anos, desde nossa quase paralela iniciação no mundo do xadrez. Nosso primeiro embate remonta ao Interclubes do Rio de Janeiro, de 1974, um evento que contava com a participação, na Classe A, de dezesseis (!) clubes  e que se orgulhavam de receber as equipes rivais, cada um em sua sede. Eu representava o Monte Líbano e, ele, o Olaria, e esse match teve lugar num pequeno prédio perto das arquibancadas do estádio da rua Bariri, na sala de xadrez. Mais tarde, em algumas ocasiões, combatemos do mesmo lado, até em equipes universitárias (sim, havia mesmo um amplo e patrocinado (!) circuito de torneios envolvendo os acadêmicos das universidades da cidade), e continuamos nos defrontando em numerosas provas individuais do calendário anual. Se posso assim me expressar, diria que nosso êxito conjunto máximo ocorreu ao compartilharmos, com dois Mestres Internacionais, os quatro primeiros lugares do Open Banco Lar Brasileiro - 1980, sediado no Fluminense do Rio, com o recorde de mais de 380 competidores presentes, com alta qualificação técnica geral e alguns destacados profissionais da época se surpreendendo com nossa dupla interferência na premiação principal!
“Masca” sempre foi um temível e poderoso rival dentro do grupo que marca nossa geração, a qual alinha no nível regional e nacional nomes de destaque como E. Limp, S. Dumont, F. Duarte, R. Teixeira, J. Másculo, J. C. Fernandes, J. Pimenta,  H. Rios Filho, C. R. Rosa e outros, e um pouco mais veteranos do que nós, M. Miranda e C. Gouveia e, um pouco mais novos, H. Amílcar Machado Jr e D. Lima, nosso único GM carioca. Era comum, nesse período de mais de uma década e meia, uma disputa como o Estadual ou o Campeonato Carioca terem, cada um, cerca de seis ou oito “favoritos” e serem enormemente valorizados... O Estadual, não raro, assegurava a cobertura das despesas do vencedor no Campeonato Brasileiro...
Também dispúnhamos de dezenas de clubes oficiais e outros locais mais informais para aprender, competir e interagir com uma plêiade de “nomes famosos” de gerações precedentes e que já haviam deixado sua marca na história de nosso jogo. Referências como J.T. Mangini, O. Gadia, V. Toth e seu filho P. Toth, D. D. van Riemsdjik, A. P. Santos e muitos outros mais...
O mais ecumênico do todos esses pontos de xadrez, onde duros combates e a cultura do jogo eram prática diária e palpitante, o Clube de Xadrez Guanabara, realizava torneios internos com a presença de campeões brasileiros e elaborava uma lista de rating com mais de 350 jogadores... somente jogadores que lá competiam, sendo sócios ou não! E cada clube da cidade, do monumental salão da AABB – Lagoa, com suas impressionantes e confortáveis trinta (!) mesas, ao perfil moderno e elegante do Tijuca T.C., passando inclusive pelos clubes do interior – de Petrópolis, Niterói, Volta Redonda, Nova Friburgo etc.- ou de agremiações menores no Rio, como o Olaria-ALEX, JTC etc, todos palpitavam vida organizada para oferecer xadrez e tinham orgulho e estilo próprios, além de calendário diversificado e ambições para realizar eventos maiores e melhores e bem receber qualquer um que se fascinasse com o xadrez...como ocorreu comigo e com o Mascarenhas.
Meu caro colega Alberto sempre adorou xadrez. Profunda e apaixonadamente, sem restrições ou frustrações, sem contas de campeonatos, sem motivações mesquinhas de qualquer ordem, sem traições à sua empolgação e fascinação originais pelo jogo de xadrez, sem ódios pessoais e sempre com educação e elegância, qualidades infelizmente em extinção acelerada nesse mundo! E tudo isso me ocorre agora, no momento em que fico sabendo da intenção dele em assumir, se eleito for, a presidência dessa entidade fantasmagórica, débil e patética que é a FEXERJ, a federação de xadrez de nosso estado. Justamente ela, que há muito não sabe o que é cumprir seu primeiro estatuto, o de promover real e efetivamente a divulgação e prática do xadrez. Por sinal, essa dita organização é tão mal administrada que em seu site não está disponível sequer a publicação de seus estatutos! Também pudera, pois entre os documentos prometidos (!?) de serem divulgados, a ata da Assembleia Geral Ordinária mais recente, a de 29 de fevereiro de 2004 (!), de quase oito anos atrás, ainda não está disponível! Para quem tem muita esperança, no site referido ainda consta que será “EM BREVE” liberada uma lista de documentos que vão do FGTS à Dívida Ativa...
Por contraste chocante, recordo o envolvimento de Mascarenhas com o Xadrez Postal e isso tendo se dado antes da emergência das máquinas de análises e dos bancos de dados que marcam a prática atual. Ele jogava dezenas (!) de partidas pelo ágil e clássico método de enviar cada lance, para cada oponente, por uma carta convencional... Creio que o recorde pessoal dele beirou as 100 (cem!) partidas disputadas simultaneamente! Como pessoa dedicada e perfeccionista que ele é, visou o máximo possível também no postal, como os Campeonatos Brasileiro e Mundial da categoria. Tornou-se SIM Postal (categoria acima de IM Postal) e poderia ser GM Postal, se tivesse colocado como meta tal título. Como se fora pouco, ainda se dedicava às tarefas organizativas e controladoras do CXEB – Clube de Xadrez Epistolar Brasileiro – e, depois, também no âmbito da ICCF, a federação internacional da modalidade. Nessa atividade, foi um dos responsáveis pela realização do primeiro torneio internacional postal organizado pelo Brasil, além de propiciar condições para concreta obtenção de titulação de GM postal por brasileiros, tendo apoiado decisivamente a titulação do nosso 1o. GM postal C. E. Costa, de Nova Friburgo!
Eu ficava abismado e maravilhado em imaginar como ele conseguia realizar tudo isso! Engenheiro Mecânico pela UFRJ, pós-graduado em administração pela COPPEAD e atuação profissional sempre na área de Sistemas de Informação, trabalhando em cargos de enorme exigência técnica e responsabilidade, atualmente num grupo conhecido por sua competência e êxito (na Globosat, empresa das Organizações Globo), casado e pai de duas crianças, hoje já crescidas, e ainda participando com tal engajamento e compromisso nas coisas do nosso xadrez? Mas, como ficara um tanto afastado das competições práticas, sobre o tabuleiro “olho no olho”, ele retomou sua intensa presença nos certames sobre o tabuleiro, ao vivo, após dileta homenagem de um clube que ele ajudou a criar a partir do Olaria A C, a ALEX, em 2008, com um torneio denominado "Lendas do Xadrez - Alberto Mascarenhas"! Ele sempre foi um duro e leal competidor, com espírito competitivo de um profissional e alma de amador. Mas, em ambos os enfoques, sempre acreditou em valorizar o xadrez.
E agora, ele se apresenta para um compromisso exigente e desafiador, depois de mais um tremendo trabalho liderando o movimento chamado Convergência do Xadrez Fluminense, desde sua criação há dois anos. Numa tentativa exitosa de “compensar” a inaptidão visceral, a incompetência histórica, e o baixo padrão ético e moral que têm pautado a FEXERJ em quase duas décadas, essa mobilização buscou refazer o que se tinha na época em que, como disse no início, eu e Mascarenhas começamos a jogar e competir. Ou seja, oferecer o mínimo de condições educadas e respeitosas para TODOS, sejam iniciantes ou veteranos, amadores ou profissionais (uma diferenciação talvez pragmática e comum, mas, de fato, obsoleta!), crianças e adultos poderem se dedicar ao prazer e deleite do xadrez, mesmo nas condições esportivas mais intensas ou no deleite informal e  gratuito de um “ping” avulso...
A meu ver, falando sobre educação e valores, para mim que o conheço há tanto tempo, embora não tenha compartilhado a sua convivência como poderia (culpa minha!), é obviamente fácil perceber como é revelador da condição pessoal dele, observar a imagem que Mascarenhas escolheu para ilustrar a página de lançamento de sua candidatura à presidência da FEXERJ. Confira AQUI. Ele não colocou nessa janela para a Internet nenhum projeto com números grandiosos ou lista de compromissos ambiciosos ou promessas típicas de campanha, com declarações bombásticas. Nada disso; ele colocou uma amostra da visão e sentimentos dele a respeito do que é jogar xadrez: “conhecer-reconhecer” as pessoas e homenageá-las, respeitá-las através do profundo envolvimento e capacidade de expressão que o nosso jogo gera. Isso, nosso jogo, de todos nós para todo o mundo!
Naquela foto com uma menininha de sete anos, Mascarenhas, nosso “gigante gentil” demonstra seu respeito, fraternidade, riqueza de sentimentos e educação que ele vive em geral, mas que se expressa mais pura e intensamente no nosso amado jogo e seu ambiente.
O xadrez no Rio de Janeiro tem sido dilapidado pelo órgão que deveria ser o primeiro em engrandecê-lo; tem sido transformado num cemitério ao invés de ser uma “maternidade” de talentos e eventos; tem sido palco de gestos constrangedores de dirigentes e árbitros mal preparados, incompetentes e parciais; tem sido manejado como uma propriedade pessoal de presidentes e assessores que o tratam ainda como um bem sem valor e que lhes serve apenas como compensação de seus traumas e incapacidades. BASTA!
Pois nesse ano de 2012 que se inicia, temos uma chance histórica de reverter esse quadro sombrio, triste e vergonhoso, mobilizando o que for necessário, de modo claro, franco e firme em apoio dessa pessoa – Alberto Mascarenhas – que pode representar, com suas ideias, história pessoal e trabalho no xadrez, junto de outras que já o apoiam, o único futuro brilhante que resta para o xadrez no estado do Rio de Janeiro!

MF Luiz Loureiro
Rio de Janeiro
11/1/2012

PS: Lembro aos atuais diretores de clubes e/ou seus representantes, que irão votar nessa próxima eleição (? – o processo eleitoral já está atrasado e sendo indecentemente manipulado!), que há uns poucos anos atrás tivemos uma oportunidade similar, quando se procurou aglutinar, digamos, o “lado bom da força”, em torno da figura de Pedro Paulo Queiroz, então diretor do departamento de xadrez do Tijuca Tênis Clube, em busca do mesmo objetivo. Por falta de firmeza de propósitos de alguns, mobilização dos enxadristas dentro de seus clubes e maior lealdade e senso de dever dos demais diretores de clubes de xadrez, que preferiram compartilhar a visão mesquinha e destruidora da FEXERJ, perdeu-se o caminho e a situação tem apenas piorado! Não é todo mundo que tem uma segunda chance na vida: o Xadrez do Rio de Janeiro está tendo, agora com Mascarenhas!
Como dizia Ghandi: “Seja a mudança que você quer no mundo”! Para tanto, temos uma nova oportunidade única em nossas mãos e consciências e eu espero que não a percamos!