Por Ari Maia*
Recentemente a Confederação Brasileira de Xadrez realizou sua Assembleia
Geral Ordinária para a finalidade de eleger o seu novo presidente, que ocupará
o cargo entre janeiro de 2013 e dezembro de 2016. O escolhido entre as 15
federações estaduais presentes ou representadas foi o GM Darcy Gustavo Vieira
Lima, um dos mais populares jogadores de xadrez do Brasil.
Darcy Lima é uma liderança muito respeitada no país e sua vitória não
foi surpresa para ninguém. Mas, o que faz de Darcy uma grande liderança? A
resposta é simples: carisma. Por onde passa, Darcy conquista novos amigos,
pois, ao contrário de muitos Grandes Mestres, Darcy é pessoa acessível a todos
que cruzam o seu caminho. Sempre está disposto a uma conversa, a uma foto, a
uma análise post mortem, seja com quem for.
O novo presidente também é um incansável andarilho desse imenso país e
costuma viajar aos mais longínquos lugares para prestigiar organizadores, dos
mais modestos aos mais felizes. Isso faz como ninguém. Viajar para jogar xadrez
é uma tarefa dura para qualquer um e, no nível de GM, acrescente-se o risco de
colocar o seu rating a toda prova. Todo nós, capivaras desse meu país,
adoraríamos pelo menos empatar com um. Há GMs pelo país que só jogam por cachê,
alegando que não compensa jogar sem cachê e arriscar perder pontos de ELO.
Darcy não quer saber desses riscos e topa jogar xadrez com qualquer um, só pelo
prazer de jogar.
Os seus mais ardentes adversários falam que ele é poderoso e que manda
na CBX, independente de quem estiver no poder, o que é pelo menos uma ofensa ao
trabalho de valorosos combatentes que estiveram à frente da entidade ao longo
de várias gestões. Mesmo assim, ao dar crédito aos críticos, mais um motivo
para o GM estar à frente, pois agora o comandante é o próprio dito
"poderoso". Já que vai ditar as regras, que dite-as pessoalmente.
Não vamos nos iludir, quem quiser dar combate ao GM Darcy Lima, terá que
ser pelo menos tão carismático quanto ele, viajar por todo o país conhecendo e
sendo conhecido pelas pessoas (não só às vésperas das eleições) e trabalhar com
dedicação à causa do xadrez nacional. Os desavisados dirão que Darcy venceu
porque tem o Nordeste nas mãos. Estes precisarão ver os dados com maior
acurácia: No Sudeste, Darcy teve o apoio de todas as federações, assim como no
Centro-Oeste, Norte e Nordeste, salvo os dois votos dados ao candidato de
última hora Charles de Mora Netto. só não venceu no Sul, onde, de fato, não
teve nenhum dos 2 votos aptos.
A partir do dia 1º de janeiro o GM Darcy Lima terá uma importante
missão, a de conduzir os destinos do xadrez brasileiro pelos próximos quatro
anos, onde terá o apoio de muitas federações e dos Vice-Presidentes e Diretores
Regionais. É um trabalho hercúleo, sujeito à críticas periódicas, algumas
brandas, outras nem tanto. Ser liderança é fazer o que for preciso e estar
pronto para ter o seu nome aplaudido e criticado a todo momento. Pela sua longa
fila de serviços prestados ao enxadrismo verde-amarelo, podemos dizer, com
tranquilidade, que Darcy está pronto. Desejamos todo o sucesso à nova gestão e
que venham os desafios.
*Ari Maia é Árbitro da Confederação Brasileira de Xadrez, Vice-presidente da AEEC, Diretor de Divulgação da FBX e uma das pessoas mais realizadoras conheço no Xadrez nacional.