11 de março de 2014

Festa da Uva 2014 - 2ª parte


Meus caros,

Como prometido, em bom tempo, vou complementar o post anterior. Lembrando que nós havíamos terminado o dia 6 exaustos, pois foram várias atividades... E ainda havia três longos dias pela frente. Como disse antes, aqui está apenas uma opinião. Não precisa concordar, nem discordar. É só um registro de quem lá esteve e quer compartilhar com pessoas que têm alguma afinidade com o Xadrez. 

Quem lê o que acabei de escrever já imagina: lá vem crítica... E vem mesmo, mas no momento certo. Vou seguir a dinâmica da primeira parte da história e dividir por etapas.

Dia 7

Era um dia especial, ou melhor dizendo, peculiar, pois haveria a preocupação de não dormir tão tarde, pois o torneio aberto começaria na manhã do dia seguinte. Eu estava gostando muito da viagem e queria aproveitar ao máximo. E para ser coerente, começamos de onde havíamos parado, ou seja, dos museus. Depois do Museu de Cera e da Harley-Davidson, partimos para o tema carros! Primeiro visitamos um museus com carros antigos, de um único dono. Foi uma experiência bem interessante, pois nos deparamos com carros bastante luxuosos, de outras épocas. E que as cores eram mais intensas que as de hoje. Em que muitos carros não tinham cinto de segurança, pois se alegava que ele era perigoso, já que dificultaria a locomoção dentro do veículo em caso de acidente.





Empolgados com os carros, chegamos ao último museus da sequência que havíamos escolhido - ressalto que há alguns outros museus em Gramado. Era a hora de conhecer o Museus dos Super Carros!!! E é de impressionar mesmo. Lá ficam à disposição vários carros potentes, como Ferraris, Porsches, Camaros, Dodges, dentre outros. Você pode tirar fotos e até mesmo pilotar um deles! O preço é que não é muito agradável, mas eu pretendo dirigir um da próxima vez que passar por lá. Dirigir uma Ferrari por 8,7 Km custa R$ 760. Um Dodge - excelente e belíssimo carro - no mesmo percurso, custa R$ 260. Não estava no orçamento... Mas tirei uma foto na Ferrari...

Logo na entrada, percebemos uma artista anônima fazendo belíssimos trabalhos na parede do museu. Valeu o registro. Em seguida, excelentes máquinas e a tentação de dirigir uma delas.







Missão cumprida em Gramado, voltamos para Caxias do Sul, para ver a parte final do torneio fechado, envolvendo Carlsen, Milos, Leitão e Andrés.

Ao chegar, consegui tirar uma boa foto com os simpáticos GM Andrés e MI Dragan. Passeamos um pouco pelos gigantescos pavilhões da Festa da Uva e vimos Carlsen conquistar mais um título na carreira.

GM Andrés Rodriguez e MI Dragan Stamenkovic

GM Carlsen x GM Milos

Sempre tem um carioca querendo aparecer...

Em plena Festa da Uva, com suas rainhas e princesas internacionalmente conhecidas, só obtive autorização para realizar a foto abaixo...

Uma simpatia só!!

O dia terminaria com a simultânea do Carlsen. Por isso, lá fomos nós correndo para o hotel. Ainda precisávamos tomar banho e comer algo. Jogar era um mero detalhe. Sobre o evento em si, preciso fazer alguns registros...

Carlsen atrasou-se por quase uma hora. Com isso, a simultânea começou depois da 20h e terminou por voltas das 23h. Exaustivo para ele, sem dúvida. Porém, como era de se esperar, estava tudo bem organizado e houve novidades neste ano. As camisas eram personalizadas e continham nosso nome nelas! A melhor camisa temática a que tive acesso até hoje. Além disso, nossos nomes estavam nas mesas, com as bandeiras de nossos estados de origem. Foi muito bom ver isso! O ponto negativo, além do atraso, é que o livro autografado do Carlsen, cuja entrega foi prometida para o dia da simultânea, não apareceu... A organização disse que houve problemas com a importação e que os liros seriam remetidos pelos Correios sem custo adicional para quem os comprou. Melhor assim!

Carlsen jogou contra 35 jogadores. Não sei exatamente todos os resultados. Tenho a certeza de que ele perdeu apenas uma partida e que empatou pelo menos duas. Uma delas contra o amigo "carioca" Eduardo Torres, do TTC.

 Ele não venceu todas, mas fez bonito.

 Apesar de tudo, é um garoto.

 Eduardo Torres conseguiu suportar a pressão!

Eu fiz 44 lances de luta... em vão...

E assim terminou mais um dia cansativo em Caxias do Sul...

Dia 8

Em pleno Dia Internacional da Mulher, começou o maior torneio da América Latina. Com quase 400 jogadores, foi um mega evento e, como tal, teve seus pontos altos e baixos. Vamos a eles.

Eu creio que não se esperava uma procura tão grande. As vagas da simultânea, por exemplo, esgotaram em algumas horas. O torneio em 2012 foi realizado na sede social do Recreio da Juventude. Dessa vez, teve de ocorrer em sua sede campestre. Todos os problemas que lá percebi decorreram da quantidade de jogadores. Não é fácil fazer tudo dar certo. A crítica, portanto, é construtiva.

O espaço destinado às partidas era reduzido. Apesar de as mesas serem grandes, os corredores eram mínimos. Além disso, toda a febre que envolveu Carlsen e os quase 20 GMs do torneio fez com que acompanhar o torneio fosse algo um tanto complicado. O espaço separado para as primeiras doze mesas foi respeitado, mas o barulho era inevitável. Creio que se concentrar lá era mais difícil que nas outras áreas do salão. Ouvi isso de alguns jogadores. 

A grande quantidade também trouxe dificuldades para a arbitragem, pois não podiam circular adequadamente pelo salão e formavam uma equipe reduzida. Havia também muita dificuldade na comunicação, principalmente com jogadores menos experientes, já que vários árbitros só falam "portunhol". Em todas as rodadas, houve quem não passasse o resultado da partida. Isso, aliado a outros fatores, fez com que TODAS as rodadas começassem atrasadas. Um sábado com seis partidas já é cansativo. Imaginem quando as coisas demoram mais que o normal para acontecerem...

Outro ponto bastante complicado foi o deslocamento. A organização apresentou duas sugestões de hotel. Eu escolhi o mesmo hotel de Carlsen, por lógica. E o hotel era realmente fantástico. O problema é que não era fácil chegar ao torneio. Em 2012, havia vans do hotel em que ficamos direto para o torneio. Neste ano, havia um ônibus, mas que não contemplava os que estavam hospedados no nosso hotel, mas no outro indicado. Embora não pareça um grande transtorno, creio que não é fácil para cerca de R$ 35 de táxi em cada trecho. Foram R$ 140 desperdiçados em apenas dois dias. Foi complicado, mas sobrevivemos. 

O brilho do evento não foi abalado pelos problemas. Ficam as dicas para as próximas edições. Nem mesmo o inexplicável abandono de nosso maior enxadrista da história, Henrique Mecking, estragou a festa. Ele perdeu na 2ª rodada, discutiu, reclamou e abandonou o torneio. Ouvi muitos dizerem que isso é normal quando se trata de Mequinho, mas não o conheço bem assim para dizer e não considero que isso possa ser normal para alguém. 

Carlsen venceu suas primeiras cinco partidas e enfrentou Gilberto Milos na sexta rodada. O campeão da última edição conseguiu segurar o ímpeto do norueguês e o tirou da liderança do torneio, assumida por nosso GM Krikor, com 6 em 6.

GM Milos x GM Carlsen

E terminamos o dia implorando por um descanso... Afinal, o torneio continuaria às 8h de domingo. Isso mesmo! A maioria dos jogadores foi em busca de repouso. Claro que houve exceções e a mais decepcionante delas foi a de meus conterrâneos MF Dirceu Viana e MF Eduardo Maia. Esse último, excelente blogueiro aqui do RJ escreveu recentemente um post sobre o torneio, comparando as visões dos dirigentes cariocas e gaúchos. Fiquei com uma dúvida em relação a tudo isso. Se só havia prós por lá, por que investir em um torneio a mais de 1.400 Km de distância de casa e ABANDONÁ-LO? Curiosidade apenas...

Dia 9

Esse foi o dia da redenção de Carlsen... Começou batendo o Krikor pela manhã. Venceu Neuris Delgado antes do almoço e arrebatou o título ao derrotar seu amigo Peter Nielsen na última rodada. Com 8,5 em nove pontos possíveis, foi o campeão mais esperado do ano, mas não foi fácil. Por toda a maratona a que foi submetido, pelo profissionalismo com que enfrentou cada uma das etapas, essa cara merece o respeito de cada um que acha que sabe jogar Xadrez. O resultado completo pode ser acessado AQUI.


O grande campeão GM Carlsen

Eu, que fiz um torneio discreto, com 50% dos pontos, adorei a viagem. A logística necessária para que um mega evento desses ocorra é surreal. Tenho a certeza de que 2016 trará um evento ainda mais atraente e que ele se tornará uma referência no meio. Parabenizo a organização e espero encontrar algo melhor na próxima edição.

Aqui do RJ, somos poucos a ter disposição de enfrentar a maratona, mas já fomos bem mais que em 2012, quando fui sozinho para lá. Segue, em homenagem a esses conterrâneos, uma bela foto de cada um.

Galera descontraída entre uma rodada e outra...

 MF Wagner Peixoto

 MF Eduardo Maia

 MF Dirceu Viana

 Eu fazendo propaganda da FEXERJ...

Renato Werner, o fenômeno...

Rodrigo Naue

E, por último, apenas uma referência a um garoto genial, que tive o privilégio de conhecer há alguns anos: Henrique Machado. Eu o conheci através de seus pais, membros da Mensa Brasil. Ele conseguiu fazer três pontos em um torneio forte como esse. Quase fatura o prêmio de melhor Sub-10. Faltou meio pontinho! Parabéns, Henrique!! Continue estudando e resultados ainda melhores virão. Como só faz aniversário em 6/4, jogará em 2016 na mesma categoria... Aguardem!!! 

Henrique Machado

E foi assim, meus caros, que voltei para casa hoje. Foi uma boa semana. Tentei passar um pouco do que foram esses dias e selecionar fotos dentre as mais de mil que tiramos. Espero que tenham gostado!

Grande abraço,
Kemper