12 de agosto de 2013

Mais um recorde pulverizado... (ops!)

Pré-jogo (1ª rodada)

Meus caros,

Eu sou uma pessoa que costuma criticar tudo o que me cerca. E entendam que a crítica é algo positivo ou negativo. Aqui no RJ, em relação à federação e suas atividades, sempre fui um defensor do correto, do produtivo, do evolutivo. Sempre me posicionei em relação às atitudes da administração e, dentro de minhas possibilidades, contribuí para o (in)sucesso de uma ou outra gestão.

Hoje, pertencendo à diretoria da FEXERJ, é um tanto complicado elogiar a gestão do Mascarenhas. É algo tão óbvio que vou pular essa parte. Vou enfatizar os fatos e a participação das verdadeiras estrelas de qualquer evento do tipo: os atletas!

O Campeonato Estadual Classe A de 2013 contou com nada menos que 65 (sessenta e cinco) participantes, dos quais, 40 (quarenta) pertencem à classe A - rating maior que 1900. Uma participação histórica!! Os atletas estão de parabéns pela abnegação de prestigiar um evento que foi cercado de uma série de boas circunstâncias, desde o local, ao nível dos participantes e seus jogos. 

A classificação final mostra que foi um torneio muito equilibrado. Exceção ao MF Eduardo Arruda, que voltou a mostrar um jogo forte e não deu chances para seus adversários, fazendo 100% dos pontos, com uma performance de quase 2800!! Acho que houve uns dez jogadores que terminaram o torneio invictos. Eu fui um deles - e não foi por falta de luta. Até na última rodada, tive de jogar, pois o Chaves tinha 3 (três) pontos e ainda lutava pela classificação para o Estadual de Mestres, o qual, graças a sutilezas táticas na última partida, estou apto a jogar! Parabéns aos jogadores do CMun que igualmente obtiveram os pontos necessários: Renato Werner, Rafael Serpa e Natácio Gonçalves.

Que salão maravilhoso!!! Tudo estava perfeito!!! O local é extremamente apropriado para a prática do Xadrez. O restaurante é muito receptivo. O acesso é tranquilo e a vista é incomparável!!! Sensação de felicidade de poder jogar um evento como este. 

Atendendo à solicitação de meu amigo Marcelo Santos, um brevíssimo resumo de meus sentimentos...

1ª rodada (Manzi) - Adversário forte (2075) na mesa 4. Com certeza, ficou feliz em ser emparceirado comigo, afinal, foram dois jogos e duas vitórias relativamente fáceis para ele. Dessa vez, tive a notícia de que jogaria com ele, um pouco antes do torneio, já que o emparceiramento foi publicado na sexta-feira. Passei 4h estudando as partidas de meu adversário. Ao chegar ao salão, ele me perguntou: Vou jogar contigo? Eu ri - e pensei: Dessa vez não vai vencer. O raciocínio é simples: Se ele nem sabia que jogaria comigo, acreditou que venceria apenas por ser mais forte... Manzi jogou a mesma linha que em suas duas últimas partidas e ficou significativamente inferior, assim como nas partidas anteriores (em relação à derrota pra o F. Ventura, mudou apenas a posição do bispo, que preferiu jogar em f5, em vez de g4; o que me deu mais conforto ainda). Cheguei a ter um par de bispos por torre, com as damas no tabuleiro, mas errei e devolvi uma das peças por um peão - um erro de avaliação que conduziu a um empate. Fiquei feliz por a preparação ter me permitido superar a abertura sem dificuldades. Psicologicamente, o torneio do Manzi acabou ali. Talvez ele não fique tão feliz da próxima vez que perceber que vai jogar comigo...

2ª rodada (José Almir) - Adversário forte (2004). Tinha até então três empates com ele. Eu lutei bastante. Estava inferior, mas consegui ganhar uma peça por peão. O problema é que era o peão de "a", isolado e contra um cavalo... o Rei dele estava melhor e não havia como tentar ganhar. Era perder ou empatar...

3ª rodada (Ellen) - Nunca havia jogado com a Ellen, mas já comecei cometendo o maior erro que se pode cometer no pré-jogo: considerei que o rating baixo da adversária seria suficiente para uma vitória. Precisava de uma!! Joguei agressivamente e no momento crítico da partida, joguei conceitualmente, acreditando que a força do material seria suficiente para vencer. Fiquei com par de bispos e par de torres por Dama e torre. Ainda não analisei no computador, mas eu temi por um mate que provavelmente não existia. Isso me custou um bispo e a troca das torres. Tornou-se impossível vencer, mas a manobra para Ellen vencer era complicada para uma terceira rodada. O empate foi cômodo para ela e um alívio para mim...

4ª rodada (Filipe) - O cartão de visitas do meu adversário foi vencer o Einhorn na primeira rodada. Eu estava apreensivo, pois queria vencer, ao menos a 4ª rodada... E ainda estava de negras... Uma partida igualada, com forte iniciativa minha. O meu adversário cometeu alguns equívocos e foi tentando se sustentar com ameaças táticas. Em certo momento, sacrificou um qualidade e viu a força esmagadora de uma posição que pôde contar com a entrega da Dama pelo xeque-mate. Ufa!! Venci!

5ª Rodada (Johnny) - Jogar muito criativo. Do meio de jogo pra frente, um leão. Na abertura, ainda carece de alguns ajustes. Nesse caso, ou eu ficava superior na abertura ou sofreria bastante. Joguei uma linha bastante desconfortável para ele, que não conduziu da melhor forma possível. Cheguei a um final de bispos de cores opostas mas que não era possível segurar. Uma falha tática liquidou a partida. Nem eu acreditei que venci duas seguidas...

6ª rodada (Chaves) - Com 3,5 pontos, precisava apenas de um empate para me classificar para o Estadual de Mestres. Outras mesas empataram rapidamente e alcançaram a pontuação necessária. O  meu problema é que o adversário tinha apenas 3 pontos. E o empate não lhe servia. Joguei uma linha do gambito da Dama recusado que gera uma série de complicações, com ganho de um peão e muita tática. Sabia que Chaves é mais forte em torneios com tempo clássico. Em partidas de 1h, seu cálculo não é tão preciso. O de ninguém é... Eu ofereci empate no lance 10, quando ganhei o peão. Foi recusado e começou a confusão no tabuleiro. Resolvi todos os meus problemas e mantive o peão. Se conseguisse trocas as Damas, venceria facilmente, com lances didáticos. Porém, com a Dama presente, tudo teria de ser mais preciso e não quis colocar em risco a classificação. Ofereci empate novamente, com a seguinte frase: "Você não quer mesmo empatar?" Chaves viu sua classificação para o Estadual de Mestres ir embora, mas aceitou, porque seria muito difícil vencer. 

Alguém já leu o livro "O Corpo Fala"? Não precisa olhar para o tabuleiro... a foto abaixo diz tudo...



Para visualizar as outras fotos, tiradas pelo MF Alberto Mascarenhas, basta clicar aqui.

E que venha o Interclubes!!!

Não deixem de acompanhar a segunda partida de Rafael Leitão e Alexandr Fier, em Tromso! Ambos empataram ontem, contra jogadores de maior rating. Vamos torcer!! É o Brasil, na Copa do Mundo de Xadrez

Abraços,
Kemper